quarta-feira, março 23, 2011

Não há

Não há na inquietação
qualquer conforto, nenhuma substância
e no entanto
repouso nela, sou sem o acerto
de outros tempos e chego a duvidar
de que alguma vez tenha acertado.

As ideias começaram a apodrecer
os dias, e cada dia se tornou
o resto que tiramos da cesta de fruta
quando já nada há a fazer.

A recuperação, o ganho,
a escada inclinada que custa trepar,
os regressos que julgo impossíveis,
as distracções, os fins-de-semana
tentando manter a cabeça à tona de água,
outros regressos, sem nunca poder partir.

É um laço
onde descansa o pescoço,
os dias, pequenos charcos
recusados pela memória, ao largo de
um caminho que não conheço.

Recusa e desistência,
base rítmica de uma imposição.