Depois de muito queixume e obstinado porfiar, a obra de Margarida Rebelo Pinto conseguiu finalmente chamar a si a atenção há muito devida de um crítico português, neste caso João Pedro George, no seu blogue Esplanar. Quer-me parecer que não seria este tratamento que Margarida esperaria, mas enfim, é para aprender a não se colocar em bicos dos pés na tentativa de obter um reconhecimento que, como se prova, não merece, apesar das simpáticas palavras de um conhecido escritor que aparecem estampadas na capa do seu último livro, Pessoas Como Nós.

Louve-se o estômago de JPG, a paciência, o trabalho exaustivo de recolha que levou a cabo, e admire-se o resultado final, perfeitamente arrasador para a escritora. O que teve como consequência imediata mais publicidade na imprensa, e sabemos como toda a publicidade é bem-vinda nestes casos. O que mais me surpreendeu terá sido mesmo a notícia que hoje aparece na primeira página do pasquim 24 Horas. No mesmo palanque de celebridades de caserna, futebolistas praticantes de pugilismo e anónimos heróis do povo, eis o lugar de Margarida. De fenómeno de popularidade no pequeno mundo dos leitores portugueses (com ocasionais aparições na imprensa cor-de-rosa à mistura) a potencial convidada de reality-show da TVI, nem a própria almejaria tanto.

Por vezes, (como acaba por concluir JPG), é mais oportuno o silêncio dos que podem falar. Quem tem telhados de livro não pedincha reconhecimento dos pares.