Tudo o que vale a pena não está aqui.



Um poema


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"A chorar devagar o corpo vai
Pelo rápido sossego de campos
A treva do amor acende-se.
Adormece ao frio, na fuligem,
Na folha húmida do musgo.

A mão que me estendeste está caída
Sobre o pano calmo do casaco.

A razão a cansada razão das palavras
Não sei a noite que virá não sei
Como vou como hei-de dizer
Dizer que é noite que sou eu
Um barco sem cordame com detritos
Do que não usei.

E pela noite fora sonhas
Que não sonhas. E chega a madrugada
E julgas que adormeces."

Joaquim Manuel Magalhães, in Consequência do Lugar.


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