Um poema
Arquivado segunda-feira, outubro 17, 2005 por Sérgio Lavos | E-mail this post
"A chorar devagar o corpo vai
Pelo rápido sossego de campos
A treva do amor acende-se.
Adormece ao frio, na fuligem,
Na folha húmida do musgo.
A mão que me estendeste está caída
Sobre o pano calmo do casaco.
A razão a cansada razão das palavras
Não sei a noite que virá não sei
Como vou como hei-de dizer
Dizer que é noite que sou eu
Um barco sem cordame com detritos
Do que não usei.
E pela noite fora sonhas
Que não sonhas. E chega a madrugada
E julgas que adormeces."
Joaquim Manuel Magalhães, in
Consequência do Lugar.