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Parece que a quase totalidade dos comentadores políticos atribuiu a vitória no debate de ontem ou a Paulo Portas ou a Francisco Louçã. Não há votos em outros candidatos. E agora pergunto eu: e será que alguém esperava outra coisa? Já começa a ser ponto assente que os dois melhores políticos do momento são os líderes dos partidos que estão nos dois extremos do espectro político português. Direi mesmo (a partir da sugestão deste blogger) que são uma espécie de arquinimigos, tal é o ódio que salta à vista quando se defrontam, como se provou aliás no frente-a-frente dos dois, quando Louçã, descontrolado, deu a gaffe do "sorriso de uma criança". A verdade é que não se poderia esperar outra coisa das duas formações mais marcadas pela ideologia em Portugal.

A direita do CDS/PP, apesar de todos os desvios que Portas lhe imprime, é realmente direita, encostada aos valores tradicionais de um conservadorismo que se aproxima de uma matriz anglo-saxónica (descontando as características particulares da política em Portugal), e recordando por vezes outras direitas mais retrógadas, quando pisca o olho aos saudosos do Estado Novo. Falamos apenas de valores, esquecendo a economia, porque a verdade é que o CDS/PP de Portas partiu de um modelo económico nacionalista e proteccionista, derivando depois para um neo-liberalismo europeísta, mais uma contradição vinda de quem tinha sido em tempos anti-Europa. Portas é um político preparadíssimo para defender as suas ideias, e empenha-se como ninguém em fazer passar a sua mensagem apenas às franjas de eleitorado que lhe interessam, sendo por isso muito mais eficaz na sua actuação.

Louçã, por outro lado, é o político que vem da extrema-esquerda, fiel aos princípios marxista-leninistas, mas que se foi aproximando do centro, da esquerda socialista, sem nunca trair a sua base de apoio original. Neste momento, o Bloco de Esquerda é o que o PS foi durante muitos anos depois do 25 de Abril, por muito que isto custe a políticos como Manuel Alegre, que gostariam que esse PS existisse ainda. Louçã afirma-se como socialista e não tem vergonha de dizer que aprecia a social-democracia nórdica e, mais do que isso, não esqueceu bandeiras que estão conotadas com um socialismo moderno, como é o caso da liberalização do aborto, da despenalização das drogas leves e da distribuição assistida medicamente de drogas duras. Consegue ser assim um partido de vanguarda (pelo menos em Portugal é-o), nos antípodas do conservadorismo do CDS/PP. É, desse modo, compreensível que os dois partidos muitas vezes façam um esforço imenso para esconder a raiva que sentem pelo adversário. (O mesmo é válido para o PND de Manuel Monteiro, como se viu no episódio do aperto de mão não concretizado por Francisco Louçã).

E no centro, o que temos? Um político, Santana Lopes, que já ninguém leva a sério, que ainda não percebeu que é uma miserável vírgula na História de Portugal, e o futuro primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, sem uma ideia que seja para amostra, mais mole que Guterres (veja-se o caricato caso do choque tecnológico, que nunca chegou a ser devidamente explicado, e que acabou em plano tecnológico ou qualquer coisa parecida, até que), fraco que mete dó na retórica, incapaz de controlar os sentimentos em público. Enfim, se este é o candidato que temos, nem quero pensar que primeiro-ministro será.

Existiriam outros candidatos à vitória neste debate, além de Portas e Louçã?


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