Tudo o que vale a pena não está aqui.



A forma de Deus


E-mail this post



Remember me (?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...



Uma das discussões mais estéreis que se pode ter é Deus. A palavra mais vasta, a que tudo concentra; aquela de onde nasceu o verbo, antes mesmo do verbo a criar a ela própria, um anel enrodilhado ou uma serpente mordendo a própria cauda.

O que havia antes de Deus? O Homem, cercado pelo fogo dos seus medos. Habitando um mundo hostil, incapaz de criar uma luz que derrotasse a noite, que arrastasse as trevas para longe. Não precisou de procurar muito, este Homem. Encerrado em cavernas, partilhando o espaço com bestas que, a qualquer momento, podiam saltar e arrancá-lo à vida, viu-se obrigado a criar. Pintava paredes, copiava o exterior sem conseguir mostrar o interior. Exorcizava os predadores, as caçadas, as armas. Exaltava portanto a capacidade de viver. Mas morria. Como um animal, ainda. Não tinha a palavra para morte. Acontecia, o mundo acontecia-o sem que ele o pudesse impedir. Então, os sons tornaram-se sílabas e as sílabas, palavras. Comunicava, e descobria-se fora de si, descobria-se semelhante em tudo ao outro. Pode então falar de si, e dos seus medos. E da morte. Dos animais, dos Homens, da sua própria morte. A coisa que ele descobriu ser universal, inevitável, aterradora. Ele e os outros.

As sombras, no escuro da caverna, por vezes paravam de crescer. Quando O nomeavam. Quando O evocavam para a protecção das colheitas, para o êxito das caçadas, para a saúde dos filhos. O coração, reconfortado na sua mínima concha, batia mais calmo. Deus os acompanhava. Deixavam de ser animais.


Rascunhos

Arquivos

Outros Lugares



eXTReMe Tracker