Tudo o que vale a pena não está aqui.



Segundas impressões


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Coincidência terá sido escrever um texto sobre Elephant no dia dos atentados de Londres. O que digo sobre a violência pode-se aplicar sem pesos na consciência ao terrorismo. Eles, os terroristas (e não falo dos que colocaram as bombas, esses têm outras razões), os que planearam, durante meses, a chacina aleatória, brincam com as nossas expectativas, atiçam os nossos medos, sem nenhuma motivação política imediata, perseguindo apenas um objectivo: um extremar de posições do Ocidente. Quanto melhor, pior, como já li. Por isso, a guerra no Iraque foi o impulso definitivo para jihad mundial da Al-Qaeda. Por isso, a existência de Guantánamo, as medidas de teor fascista que o governo americano introduziu no seu território e que Blair também tentou forçar na Grã-Bretanha (e como este atentado pode servir os propósitos do primeiro-ministro britânico), todos os dias provam que Bin Laden conseguiu o que queria com o seu ataque às Torres Gémeas. A irrupção da violência, primeiro chocante, depois inevitável, começa a tornar-se banal, e de atentado para atentado as palavras vão perdendo a sua força, apenas as acções começam a fazer algum sentido. A guerra perpétua (em oposição absoluta à paz perpétua teorizada por Kant), que serve tanto o fundamentalismo islâmico apócrifo como a tendência totalitária a que todas as democracias aspiram, começa a tornar-se notícia de rodapé em telejornais. Daqui para a frente, apenas podemos esperar o pior, e assim concretizar o objectivo primeiro do terrorismo. Caminhamos a passos largos para o contrário dos valores que neste momento definem o Ocidente, o que nos distingue do fundamentalismo islâmico. Eles estão a ganhar.


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