O Blogger Inconstante
Arquivado quarta-feira, dezembro 14, 2005 por Sérgio Lavos | E-mail this post
Escrevi e depois apaguei um texto sobre o que se esconde nas palavras de Cavaco Silva. Não valia a pena. Ensaiei qualquer coisa sobre o pouco tempo em mãos para me dedicar a algo que não seja trabalho, mas seria irrelevante insistir na desculpa. Blogar não é uma obrigação, continuo por prazer e sem nenhuma motivação que não seja o simples acto de o fazer. Nesse sentido, manter um blogue merecia uma categoria à parte dos outros processos de escrita. Não um diário, porque não é pessoal, não um texto destinado ao julgamento do leitor desconhecido, porque não passou pelo escrutínio do editor e de algum modo contém em sim um potencial de interactividade inacessível a outras formas de expressão literária, não é também um medium, no sentido tradicional do termo, porque a informação que se pode encontrar na blogosfera, ainda que por vezes seja inicialmente exclusiva deste meio, nem sempre é fiável, pairando sobre ela o fantasma da subjectividade do blogger. Tudo parece novo, pode-se fingir sinceridade, inventar a verdade, contornar a realidade, esticando até limites quase obscenos o ego, tornando público o que deveria ser privado. Mas há outros que melhor descrevem o fenómeno, e nem era isto que queria aqui deixar, mas enfim, poderia continuar por aí fora e tornar este texto ainda mais fastidioso, sei que é hábito meu prolongar demasiado os posts, falta-me a concisão dos blogues que eu mais aprecio. Dizia, tudo parece novo. Mas não é.
Em jeito de adenda, confirmo que o
Pequeno Livro do Grande Terramoto, do blogger Rui Tavares, é uma obra que é raro acontecer por estas bandas. Divulgação histórica, ao melhor estilo anglo-saxónico, aliando rigor na pesquisa e informação fornecida (sem cansar o leitor com notas de rodapé e bibliografia consultada) a um estilo leve e espirituoso, imaginativo e possuidor de um esboço de pensamento próprio sobre os factos relatados. E o volume é um mimo em termos gráficos. O blogue de Rui Tavares, complementar ao livro, está
aqui.