A careca de Marlon Brando poderia retirar toda a seriedade à imagem. Isso e o diálogo debitado a vinte à hora, os lapsos evidentes, a vergonha (percebida depois) do excessivo peso do corpo. Mas esqueçamos por um instante a prevista decadência do actor. Por trás da câmara, o olho decidido de Copolla comanda os gestos de Kurtz (já). Imagino a transformação no
set, do homem arrastando um infinito tédio, acumulando cansaço e glória perdida (por culpa própria) ao monstro respirando o ar da loucura, imerso fora do alcance da objectiva, das sombras tentaculares alastrando. Era noite, era verão, e o cheiro pestilento dos cadáveres dançava em volta. Outro monstro (mas quando se olhava no espelho via um homem) aguarda na margem, anterior ao verão curtido pelas moscas, o suor, e o sangue. Num momento, tudo termina. O monstro dorme na toca, o olho da câmara abandona-o ao esquecimento. À devastação.