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Never Let Me Go (2)


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Gosto quando um escritor consegue transportar-me num enlevo desdobrado de estranheza, território desconhecido, e íntima familiaridade. Deixa as migalhas todas para eu ir apanhando, ir-me entretendo enquanto a rede não é lançada; falo dos pormenores, os indícios, as palavras com duplo sentido, as setas em direcção a caminhos que podem ou não conduzir a algum lugar cartografado. Ora, Ishiguro consegue deixar-me sempre na dúvida. Ao ponto de ter inculcado em mim a descrença no discurso do narrador, como aconteceu no seu penúltimo livro, Quando Éramos Orfãos. Em Never Let me Go, a estratégia é semelhante. Estou a ser conduzido pela voz de Kathy, improvável clone fornecedor de órgãos que vai desfiando recordações de um tempo em que o futuro ainda parecia longínquo. O enredo parece material para um livro de FC, mas isso é uma falsa questão. As preocupações de Ishiguro são outras. Um romance de aprendizagem, sem dúvida, onde velhos problemas são equacionados num mundo que parece ligeiramente descentrado, paralelo e tangente ao mundo onde habita o autor do romance. Dados empíricos recolhidos em obras anteriores prolongam a minha desconfiança no relato do narrador, mas admito que este facto acentua o deslumbramento. Aguardo portanto um desfecho ao nível do labirinto por onde agora ando.


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