Emma
Arquivado quinta-feira, setembro 08, 2005 por Sérgio Lavos | E-mail this post
Emma não é uma vulgar adúltera. Sofre por ter sido a isso condenada, provoca no leitor uma compaixão irreprimível. Quem não compreende a trajectória de Emma dificilmente entenderá a liberdade. E de paroxismo em paroxismo, somos levados pela mão de Flaubert (o tal que dizia sofrer na pele a maldição de uma puta ficar para a história, e não ele) ao inevitável. Um escritor dos nossos tempos cairia na tentação de eclipsar os sentimentos da personagem, ocultar os dilemas interiores que suportam a face visível das decisões tomadas. A pornografia, invenção do século vinte, ilude porque mostra tudo, tudo escondendo. A nudez de Emma é espiritual. A mais obscena de todas.