A água correndo lá dentro, e o estore
deixando que o dia te desperte, lento.
Agora, e neste movimento
que te solta, descobres o cansaço
enrodilhado no pescoço, é cedo ainda.
Um músculo onde o excesso tenso
impede o desenrolar da mola, provisório
momento em que não sabes se a vida
te persegue ou tu a ela, sentes uma faca
na garganta. Por dentro cresce a canção.
Ontem quando prometera: um súbito frémito
da memória, puro ribombar no coração.
Antes dos seus lábios seduzirem o pano
que te habituaste a chamar mortalha, viste
a marca que deixou, colada à noite;
um esboço de amor na tua pele.
Surge do fundo o cheiro de ontem, seco.
No meio da penumbra, um ruído ganha espessura.
Ouves a vida a estalar nas unhas; o dia alastra,
fogo lento. O filho que acorda nos acorda.