o que descubro? Onde repousam meus olhos? Que criatura caça nos meus sonhos? O teu dedo disse: segue-me. E eu fui. Percorri trilhos apagados. Cumpri. O teu dedo disse: aproveita agora, e entra em combustão. E eu ardi em ti. Onde as areias dançam. O que o dedo marca? (Lamento quem eu sou, por vezes.) Uma fronteira. A voz mordendo as horas. Racionaliza, dispõe o esqueleto do amor na bancada. O teu dedo disse. Eu calei-me. E fiz. Peguei no bisturi e trinchei a carne. Procurei teu dedo. Ainda não era aquilo. Decidi amar-te a língua, quando perfura. O teu dedo disse, cala-te! E eu calei-me. Fiquei parado, o tempo carcomido. Aguardando. O teu dedo disse: não sei quem és. E eu, a medo, falei: sabes o que eu não sei. O teu dedo elevou-se, trepou. E eu calei-me. O que descobri: uma sombra dentro de outra sombra, o corpo que quero para amar.