Tudo o que vale a pena não está aqui.



Pausa


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Acabo sempre por parar um pouco, após a leitura de um livro que me tenha de algum modo deslumbrado. Deixar que a matéria ganhe forma, o sentimento corpo. Acontece-me portanto agora estar a passar por um período entre livros. Ponho inclusive de lado os que lia em simultâneo. Também porque ando mais cansado, o ritmo de trabalho vai paulatinamente aumentando. (Suspiro). Ouço mais música, aproveito para retomar discos antigos, uso de forma sábia (acho) o tempo que passo em transportes públicos. Gente há que considera ser uma perda de tempo os minutos que se gastam em transportes públicos, e por isso preferem contribuir todos os dias um pouco mais para a destruição do meio ambiente (e isto não é demagogia), preferem desgastar-se em longas filas de entrada na cidade. Gostos. (A propósito, discussão estéril a dos candidatos antes das eleições à volta do túnel do Marquês. Uma solução semelhante à de Londres, portagens de entrada no centro da cidade, seria a mais adequada, a mais corajosa também. Ideia rapidamente esquecida. Os interesses instituídos são muitos, a espinha dorsal de borracha fenómeno comum nos políticos. Repetição de histórias.) Voltando atrás, espero mais paciência para avançar no próximo livro, saboreio a indecisão, folheio, leio frases, escolho, escolho, recuso, escolho. Tempo correndo devagar, talvez pegue em John Banville, o autor do Booker deste ano, The Sea, tenho em casa o seu livro sobre Praga que foi publicado na editora Asa, no âmbito da colecção "O Escritor e a Cidade", projecto louvável que ousa lançar no mercado (e com sucesso) obras que se enquadram na chamada literatura de viagens. As cidades dos escritores, aquelas que eles conhecem bem, porque lá viveram, sem deixarem de ser estranhas ao viajante estrangeiro que decide se fixar, imaginar-se indígena. David Leavitt escreveu sobre Florença, Edmund White dedicou-se a Paris. Mas divago, ainda tudo está em aberto. Descobrir Pinter, uma possibilidade, apesar do fastio que o teatro apenas escrito me provoca. Ando e viajo, todos os dias, paro no tempo entre livros. O livro que irá me acontecer. Gozo o momento.


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