Tudo o que vale a pena não está aqui.



Cansaço


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O debate que tem acontecido a propósito das presidenciais (que, relembre-se, ainda estão a uns meses de distância) tem sido tão deprimente como o assunto em si. Se os políticos que nos calharam em sorte não se conseguem elevar acima da mediocridade geral que grassa no país, os articulistas (e publicistas, actividade muito em voga, seja lá o que isso for) que comentam os políticos também não conseguem fazer melhor. Os poucos lúcidos que ainda escrevem por aí são acusados de amargura e pessimismo crónico. Mas esse não é o problema. Mais que o progressivo apodrecimento da economia, do estado, dos políticos que o servem, das mentalidades, das elites que primam pela ausência, é a tendência para o baixar de braços, para a abdicação (de que falava Pessoa), sintoma da profunda neurose do país. Começamos a aceitar a normalidade da anormalidade, a sacanice, o roubo, a mentira. Precedente após precedente, vamos descobrindo a nossa verdadeira essência. Daí o que aconteceu nas autárquicas. Daí este triste simulacro de pré-eleições a que assistimos. E suspiramos por messias. E rezamos por uma revolução. E continuamos a perder um pouco todos os dias, até que nada reste. Quem se preocupa?


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