(Pausa)
Arquivado segunda-feira, dezembro 05, 2005 por Sérgio Lavos | E-mail this post
Mas ainda assim, apesar das dificuldades, a vida é amena, pois que os outros olham para nós com inveja ou semelhante sentimento, há quem passe mal nesse mundo sem emenda e nós continuamos abandonados um no outro, como jurado, e se tal acontece não é por acaso ou maquinação alheia, persistimos como mar, continuamos a achar cada manhã tão rigorosa como a anterior. E há quem se queixe do sol, outros dos quartos vazios da casa, há quem não consiga sacudir do corpo o silêncio que pode ser tão próximo como uma corda atada em volta ou uma roupa apertada, nós ainda não perdemos as imagens arquivadas em gavetas que se acumulam como tijolos construindo muros, geométricos e compactos, de encaixe perfeito, sem falhas. Não comparo o ofício do tempo com nenhum conhecido (e previsto) movimento amoroso. Despeço da memória a minha fraqueza vocabular, calo-me, dito de outro modo. Escrevo calando, calo escrevendo, um preciso sopro invade o quarto.