Tudo o que vale a pena não está aqui.



Achados e Perdidos #3


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Karol Wojtyla (1920-2005)

Continua na televisão a exposição ad nauseam de alguém que não é o homem que ontem morreu, e assim irá continuar até escolherem outro que se transformará em algo que está para além do nome que lhe deram. A escolha do nome de um Papa não é inocente, de facto. Quando, num post anterior, falava no nojo que me provocava a exposição da agonia final de um Homem, esquecia-me daquilo que era mais importante. Um padre qualquer recordou-me, via T.V., o que era. Disse ele qualquer coisa como: "O que é importante é a palavra, não o homem." Ora aí está. Coerência na doutrina é coisa de que a Igreja Católica se pode gabar. E João Paulo II foi, para todos os efeitos, o Papa que a igreja precisava neste período incerto da sua história. Progressista em assuntos de índole social, conservador na moral, favorável ao diálogo ecuménico. Agradou a grande parte dos católicos, mas outra coisa não seria de esperar de alguém que é suposto ser infalível. Alguns sectores acusaram-no de não acompanhar a progressão social que aconteceu, mas actualmente a igreja acaba por ir a reboque da sociedade, e não o contrário, como acontecia antes. É inevitável que assim suceda, um dos fundamentos das democracias ocidentais é o laicismo do estado, por isso acabam por ser contraditórias estas críticas: se interviesse mais na sociedade, a Igreja Católica ainda seria mais criticada. Cada um serve-se dos argumentos que tem à mão para defender as suas posições, e muitas vezes, como no caso da invasão do Iraque, aqueles que criticaram João Paulo II valeram-se da importância da sua posição para marcarem algo. Coisas da política. Mas de que falava eu em cima? Do nome, aquilo que atribui essência à coisa. Lamento a exposição da agonia de Karol Wojtyla, mantenho-me indiferente ao circo mediático que rodeia a morte de João Paulo II. O mais importante é isto: a Palavra, para quem tem fé. Eu não tenho, por isso abstenho-me de comentários.


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