PopArt #1
Arquivado segunda-feira, março 28, 2005 por Sérgio Lavos | E-mail this post 
Pollock (1)

A génese da arte moderna é o acaso, o aleatório, o pequeno incidente que muda a história. É também o batalhão de galeristas, jornalistas e promotores que carregam o artista ao colo ou derrubam-no, movidos por desígnios que pouco têm a ver com a arte. Depois de ver Pollock, realizado pelo actor Ed Harris, a dúvida persiste. Pollock fala do acaso controlado, e não deixa de ser verdade; a mão guia o pincel, a tinta cai do pincel dirigido pela mão. Uma espécie de pintura por objecto interposto, camada sobre camada, cor cobrindo a cor anterior. A representação do exterior é substituida pela expressão do interior, o corpo é apenas uma corrente de transmissão do caos controlado, o inconsciente de impossível figuração. E não falamos aqui de Dali, que se expressava através de metáforas, símbolos, ordenava o caos de forma paciente, trabalhava-o e artificializava-o, aproximava-se do cânone clássico. Ou de Picasso, que desconstruia a imagem nas suas múltiplas faces. Em Pollock, nada há para desconstruir, porque tudo nasce destruído. Será uma coincidência a turbulência da vida exterior, será ele o logro que tanto temia ser?