Tudo o que vale a pena não está aqui.



Achados e Perdidos #2


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Não sei se no momento em que escrevo este texto Terri Schiavo já morreu. Sei que parece inevitável o que se me afigura como uma monstruosidade, uma adulteração completa de algo que eu defendo: a eutanásia. Esta americana de 42 anos está há 15 ligada a uma máquina, depois de ter sido encontrada em casa quase morta, e o seu estado é considerado irreversível pelos médicos que a assistem. Isto é, as possibilidades de Terri regressar são, à partida, nulas. O marido tenta, desde há 7 anos, obter uma permissão dos tribunais para os médicos desligarem a máquina. Por outras palavras, procura conseguir um papel que permita autorizar o assassínio legal de outro ser humano. É mesmo assim, como estou a dizer. Compreendo o sofrimento, o luto por fazer, as implicações jurídicas de estar casado com alguém nesta situação. O que não compreendo é a decisão radical, a motivação por trás desta decisão. Não há nenhum documento, nenhuma palavra de Terri no sentido da eutanásia. Ela nunca pediu para morrer, como o fez, por exemplo, Ramon Sampedro, o tetraplégico do filme de Aménabar. A única atitude válida nesta história é a dos pais de Terri. Eles amam a filha, por isso não a deixam partir, com todas as motivações egoístas que isto pressupõe. De qualquer modo, não é isso que está em causa aqui. O que está em causa é o pedido, que não existiu, de Terri. Ninguém, nem o marido, nem o estado, pode decidir sobre a vida de outro ser humano. A minha costela esquerdista admite a despenalização do aborto e a eutanásia a pedido do doente, mas não isto. Isto não é progresso, é radicalização ideológica. Coisa triste, indefensável pela esquerda que critica a pena de morte. Pequenas (grandes) contradições.

(Adenda: Terri morreu. Lamentável, e um precedente de consequências imprevisíveis num país onde a jurisprudência é a base do poder judicial. Continuo a achar que não é este o caminho.)


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