Tudo o que vale a pena não está aqui.



Director's Cut #15


E-mail this post



Remember me (?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...



Nada a Esconder, Michael Haneke

Apenas duas ressalvas ao excelente texto de RB: quando Majid se suicida o ponto de vista é o da câmara fixa, o mesmo que aparece no video da primeira visita de Georges. A passagem do registo ficcional ao documental deixa assim o espectador completamente à mercê do acto de Majid. E, na última cena - filmada também com a câmara fixa, não esquecer - os filhos dos dois ex-amigos de infância trocam palavras, eles estão lá, no enquadramento. Mas eu apenas os encontrei porque lera um texto antes que fazia referência a esse facto. Haneke diz também numa entrevista que inicialmente gravou o diálogo trocado entre os dois, mas retirou-o na montagem final. Não existe portanto uma retribuição, antes uma transmissão entre gerações de uma violência latente, endémica. É essa uma das chaves do filme. Revela-se quando Georges entra em conflito com o jovem negro que passa na rua de bicicleta, mas também na evocação do massacre dos argelinos por Papon e na memória de uma traição que, inevitavelmente, se rodeia de contornos racistas. Michael Haneke saberá do que fala, estrangeiro vivendo em França, e sem dúvida que não será coincidência o facto de Georges e Anne pertencerem a uma classe alta e educada, que tendencialmente disfarça o preconceito usando a cortina do politicamente correcto. Georges é racista, intuimos quando insulta o imigrante na rua, quando treme de medo ao ver o filho de Majid, e temos a certeza quando este, socorrendo-se do sarcasmo, reafirma a sua educação, contrapondo-a à frieza calculista e hipócrita de Georges. E, depois de tudo, dormir e sonhar que tudo foi apenas um pesadelo. Metáfora das sociedades modernas?


Rascunhos

Arquivos

Outros Lugares



eXTReMe Tracker