Do acervo de intelectuais que assinaram o protesto contra as políticas culturais da ministra, quantos acreditam realmente naquilo que candidamente disseram aos jornais, isto é, será que o trabalho desenvolvido por António Lagarto à frente do Teatro Nacional é meritório, como o é, por exemplo, o trabalho de Ricardo Pais no Teatro Nacional de São João? Em que factos se baseiam eles, em quem devemos acreditar, e o que quer dizer ao certo Eduardo Prado Coelho quando escreve sobre a desmotivação nos corredores dos Ministério da Cultura (salvaguardando, claro, o respeito e a consideração, etc., sem a ter a coragem de assumir frontalmente as críticas que dirige à sua "amiga" - com amigos destes... -)? Será que eles andam por lá cabisbaixos à espera de ordens que não chegam? Ou será que o problema é simplesmente a nomeação de Carlos Fragateiro (um populista, pecado capital, dizem)? E quem mentiu, António Lagarto ou a ministra, quando se contradizem sobre o modo como a destituição do primeiro foi tratada? Que país é este onde os intelectuais protestam na rua contra a substituição de um funcionário nomeado pelo estado, pressionando um messiânico José Sócrates no sentido da demissão da ministra (é óbvio), apenas 9 meses depois da formação do governo? Se a direita se está marimbando para a cultura, a esquerda finge que gosta, usa a cultura como um adorno e um poleiro para os seus interesses e vaidades pessoais, criando círculos de parasitas gravitando em torno de subsídios e cargos de gestão em instituições directamente dependentes do estado. São estas as elites que decidem os destinos do país? E o estado lastimável a que isto chegou, será consequência das elites que temos?
(Outro ponto de vista sobre o tema no
Blue Everest)