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Director's Cut #18


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Capote, de Bennett Miller
Philip Seymour Hoffman, em Capote, sua as estopinhas tentando encarnar até ao mínimo tique e modulação de voz o escritor americano, e, acredito, fica muito perto de o conseguir. Mas esta afirmação não é comprovável. Não conheço qualquer registo filmado de Truman Capote, nem sequer sonoro, não posso saber se Seymour Hoffman ficou perto do original, acredito no entanto quando dizem que sim, não tenho outro remédio. Deste modo, à terceira ou quarta frase já me contradisse. Mas será importante esta falha no meu conhecimento do background do filme? Não seria normal eu entrar na sala de cinema completamente virgem em relação à projecção que se seguiria, assistir ao filme e retirar as minhas conclusões sem que fosse influenciado por informação apriorística e desnecessária?
Condições ideais para ir ao cinema. Convém dizer que se acrescentasse a esta pureza do olhar o completo desconhecimento de tudo o que se escreveu antes sobre o filme, o meu julgamento ainda estaria mais próximo do real valor da obra, e quando escrevo "real" falo do meu real, do meu conceito de cinema, da minha noção de belo em cinema. Deixando de lado esta introdução de pacotilha, é preciso referir que "Capote" não é um bom filme. O desempenho de Hoffman corre o risco de perder todo o sentido se não conhecermos o original, e aí o filme confronta-se com as suas próprias fraquezas. E são muitas, desde os enquadramentos previsíveis, até uma montagem que desaproveita o relevo que os curtos apontamentos de Capote conversando com os conhecidos podem ter, ao serem usados apenas como entreactos unindo as cenas consideradas mais importantes. O que poderia interessar, a relação do escritor com o assassino, não se chega verdadeiramente a desenvolver, os interesses de Bennett Miller são outros: destacar os maneirismos e o overacting de Philip Seymour Hoffman, os fait-divers da vida de Capote, seja as amizades com famosos da época, seja a relação com Harper Lee (Catherine Keener), quase a tornar-se escritora famosa aproveitando a boleia da adaptação cinematográfica do seu romance "To Kill a Mockingbird".
O desequilíbrio de "Capote" é provocado pelo peso excessivo do actor e produtor principal, que talvez não necessitasse deste papel para provar o seu talento. A sua passagem por filmes como "Magnolia" ou "O Talentoso Mr. Ripley" já mostrara os seus não desprezáveis dotes histriónicos. Assumir sem pruridos a candidatura ao prémio da academia é atitude que o desmerece enquanto actor. De Geoffrey Rush's e Dustin Hoffman's está o inferno cheio.


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