Tudo o que vale a pena não está aqui.



O tigre Borges (5)


E-mail this post



Remember me (?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...



Não conseguiu de início vislumbrar mais que um movimento furtivo na penumbra. Pensou que, se esperasse um pouco, os seus olhos acabariam por se habituar à escuridão. Estranho, o medo desaparecera. Sentia uma inesperada segurança, o seu corpo relaxara, quase não ouvia o coração por baixo do pêlo. Em redor, a sala revelava-se. Estantes ocupavam as quatro paredes da divisão, crescendo até ao tecto. Não havia um espaço vazio nas prateleiras, livros de vários tamanhos, idades, acumulavam-se, alguns de modo desordenado, outros perfeitamente encaixados na madeira. Uma poeira transfigurada pela claridade que ressumava por trás dele pairava por todo o lado, e um cheiro morto, a tempo ultrapassado pelo tempo, colara-se ao corpo. Passados alguns minutos, o tigre continuava imóvel. Pressentia que algo vivia no movimento que notara ao entrar. Não, não voltara a sentir medo, mas uma súbita falta de vontade tolhia-o. Empurrou a porta atrás de si um pouco mais, e um pouco mais de luz invadiu a escuridão. O canto escondido surgia. Via, finalmente.


Rascunhos

Arquivos

Outros Lugares



eXTReMe Tracker