inverno
Arquivado quarta-feira, fevereiro 02, 2005 por Sérgio Lavos | E-mail this post
Esta luz do inverno sobre o rio
antes do crepúsculo: já a cinza do azul
vibra mínima abrindo o frio
e ainda não se acenderam os candeeiros
da noite. Uma impossível onda
faz o horizonte entre rio e céu.
E voando vêm vagarosas nuvens
que vagamente de rosa tingem
o túnel aéreo sobre o mesmo comboio
em que muitos anos antes vinhas;
mas não para agora na estação
em que então, era em Julho, descias;
habitado por uma outra inverosímil
morte agora em paz e feita parte da
história do teu corpo.
Uma descoberta recente, Manuel Gusmão. Este poema foi retirado do livro Teatros do Tempo, editado pela Caminho. A virtude dos prémios literários é esta: atrair o leitor para caminhos que ele desconhece.