Tudo o que vale a pena não está aqui.



inverno


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Esta luz do inverno sobre o rio
antes do crepúsculo: já a cinza do azul
vibra mínima abrindo o frio

e ainda não se acenderam os candeeiros
da noite. Uma impossível onda
faz o horizonte entre rio e céu.

E voando vêm vagarosas nuvens
que vagamente de rosa tingem
o túnel aéreo sobre o mesmo comboio

em que muitos anos antes vinhas;
mas não para agora na estação
em que então, era em Julho, descias;

habitado por uma outra inverosímil
morte agora em paz e feita parte da
história do teu corpo.

Uma descoberta recente, Manuel Gusmão. Este poema foi retirado do livro Teatros do Tempo, editado pela Caminho. A virtude dos prémios literários é esta: atrair o leitor para caminhos que ele desconhece.


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