Tudo o que vale a pena não está aqui.



Achados e Perdidos #4


E-mail this post



Remember me (?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...



Mário Santos, na sua última crónica do suplemento "Mil Folhas", do Público (sem link, infelizmente) fala-nos de um livro de um dos poetas dessa fornada dos "reais". Não nos escapa o tom sarcástico do texto, mas ficamos na dúvida: existirá mesmo um Pedro Manuel Reis Tavares, autor de uma obra intitulada "Última Homenagem"? Poderemos nós acreditar nestes versos,

1ª Parte

Ontem

Faltou a luz em minha casa

2ª Parte

Amanhã

Vou pagar a conta

na sua sinceridade? Ou Mário Santos estará a gozar connosco? Bem, partindo do princípio que não há invenção do colunista, será este o grau zero da poesia? Tenho sempre a sensação que tudo foi feito, mas será que alguém já se lembrou de fazer um poema a partir da literatura inclusa (essa forma elevada de expressão), por exemplo? Ou será apenas a desconstrução a funcionar, a ironia auto-questionante, o desprezo pelas formas anteriores e a busca de novos caminhos para o género? A arte já passou por isso há cem anos, por este empobrecimento da técnica em favor da reflexão filosófica pictórica. Mas poderá comparar-se o urinol de Duchamp com o poema sobre o urinol do bar às quatro e meia da manhã de sábado? No fundo, tudo isto é apenas uma reacção ao fogo-de-artifício estilístico, desligado de referente concreto, da poesia que até agora tem dominado em Portugal. Depois de Herberto Helder, Ramos Rosa, a Poesia de 61, seria necessário um descarnamento até ao osso do poema, a exposição do esqueleto formal que suporta a árvore-relâmpago. Joaquim Manuel Magalhães (JMM), figura tutelar do movimento, explicou como se faz na sua súmula, "Consequência do Lugar", antologia despida da primeira fase da sua obra, conjunto de poemas reduzidos ao essencial do conceito, despojado do acessório que (também) caracterizava os seus primeiros livros.
O nome da editora, Rato Amarelo, também me parece, no mínimo, de duvidoso gosto. Desconfio, no entanto, que este livro existe mesmo. A minha grata vénia ao descobridor desta "obra-prima absoluta", Mário Santos. Continuarei a lê-lo com fervor, aguardando a próxima descoberta.


Rascunhos

Arquivos

Outros Lugares



eXTReMe Tracker