Sentindo nas costas a presença dos passos dados, por vezes se questiona o filamento que separa a pele do ar, por vezes se cria entre o corpo e o exterior uma película fina onde nem o fumo permanece. O sentido do movimento absoluto de um dançarino no palco ou o sentido do voo irregular do colibri em redor da flor, ou o sentido dos músculos hesitando no balanço da corda de funâmbulo sobre o espaço aberto do passado. Encerrados nas trincheiras das palavras, abrimos as mãos tentando segurar as balas entre os dedos, ou evitamos as suas trajectórias assassinas? E que valem os significados logo abaixo da água, os volúveis peixes guiados por um minúsculo interruptor, uma ténue luz no mar fundo dos dias? Dormir, longamente dormir esperando um adversário mais leal no próximo combate que nos calhar em sorte.