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Achados e Perdidos #9


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Visita de Cortesia

Que esperava eu da dita conversa com Paul Auster? Ouvi-lo falar dos livros e do acto criativo, conhecer o homem que se escondia por detrás das palavras dos narradores.
Pontos a assinalar:
- O sotaque que me pareceu pouco nova-iorquino, ou pelo menos pouco "kosher", adornado com um timbre de contador de histórias, o que, para o efeito, serviu na perfeição.
- O nervosismo do editor, que se notou no programa demasiado rígido da iniciativa. (Mas também pode ter sido exigência do próprio Auster).
- A eclética turba de admiradores, passando por todas as faixas etárias e sociais.
- O esquecimento propositado e mesquinho por parte da actual editora de Auster em Portugal, a Asa, de tudo o que foi editado pela Presença.
- Alguma arrogância de Auster na fase que sucedeu à leitura e sessão de perguntas, a assinatura de livros, tornando o contacto com leitores uma mera formalidade mal-disposta.
Mas agora a sério, porque o que disse antes não passa de fait-divers. O escritor que vive nas páginas do livro Hand to Mouth revelou-se um pouco na conversa de ontem à noite. Alguém que acredita profundamente no poder da literatura, e que concebe esta literatura de uma forma quase primitiva; para Auster, escrever um livro é, antes de mais, contar uma história, e tornar esta história uma espécie de comunhão com o leitor. Formalmente, a escrita, em Auster, é o resultado de um processo de busca de uma "música" própria do texto, o seu tom certo, e a leitura em voz alta do livro que está escrever assume um papel fundamental na produção do mesmo. Literatura oral antes de ser escrita. Algo visível também em cultores da palavra como Don de Lillo, referido por Auster no leque de autores da sua preferência.
Até que ponto o autor é importante para a fruição da obra? A meu ver, pouco ou nada. A noite em que "conheci" (entre aspas porque verdadeiramente não conheci) Paul Auster será, sem dúvida, menos importante que a noite em que comecei a ler Leviathan, o primeiro, aquele que agora tem a assinatura dele. Que irá desaparecer, cedo ou tarde, ao contrário (espero) da obra que por cá ficar.


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