Tudo o que vale a pena não está aqui.



Biblos #2


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Sabemos reconhecer a mão do mestre quando vemos o narrador falando da madalena de Proust sem o mínimo pudor. Uma das qualidades que distinguem os escritores americanos dos outros.

Ao devorar rápida e sofregamente estas migalhas cuja doçura - uma mistura de manteiga, natas, baunilha, queijo fresco, gemas de ovo e açucar - eu adorava desde criança, talvez visse a desvanecer-se em Nathan aquilo que, segundo Proust, se desvanecia em Marcel mal este reconhecia "o sabor da pequena
madeleine": a apreensão da morte. "Uma mera dentada", escreve Proust, e "a palavra morte... (não tem)... significado para ele". E assim, fui comendo sofregamente, gulosamente, recusando-me a dominar mesmo que momentaneamente, esta fome canina de gordura saturada, só que no fim, não tive a sorte de Marcel.

in Pastoral Americana, de Philip Roth, editado pela Dom Quixote. A tradução é que não está à altura da obra.


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