Tiro no escuro
Arquivado quarta-feira, maio 04, 2005 por Sérgio Lavos | E-mail this post
Sítios onde o eco dos passos se intui,
Onde os passos lembram traços
Que não podem ser deixados
Para a fera que surge a seguir,
Onde, o teu ombro, esperas
Uma surpresa, uma jugular
Que a luz traz presa
O teu ombro esconde
O canto inerte da linfa
Por detrás das têmporas
O teu ombro esconde
Um rosto, uma sombra
Fissuras por onde jorram
Lavas, linfa, sangue,
Um pálido foco reflectido
Em que espelho, em que
Espelho, perguntas, e procuras
O reflexo que traiu,
Renques de folhas profundas
Crescem sobre os muros
No poço da garganta,
Dores apertam, a deflagração
Surge, de longe, as entranhas
Como uma aurora boreal
Olhas para trás, talvez encontres
Armados sobre a areia branca
Os ossos, um vestígio de ossos
E o pomar da infância no seu lugar.