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Director's Cut Vintage #2


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Crash, de David Cronenberg (1996)

Em Crash, James e Catherine, debruçados sobre o trânsito da auto-estrada em frente, deixando o desejo expandir-se, estender os seus braços do metal até ao corpo, uma lentidão de gestos contrastando com a velocidade dos carros, das máquinas que aceleram o tempo das imagens. O filme desenvolve-se em sentido contrário à acção, a câmara desacelera fixando os vultos das máquinas desaparecendo de campo. O olhar de Cronenberg é o olhar do voyeur, espreitando para dentro dos edifícios, dos carros, por cima da varanda onde Catherine (Deborah Kara Unger) e James (James Spader) se deixam envolver pelo incêndio dos carros em movimento. Helen (Holly Hunter) encontra Vaughan na sua via de prazer, e envolve-o na corrida. Ela ama a carne e ama o aço, habita essa zona de ligeiros desvios, objectos desfocados, fora do eixo do mundo. Os dedos de Helen tocando a carne de metal de Gabrielle (Rosanna Arquette), o enlevo erótico da pele, da boca na pele, o suave deslizar do aço no nervo. Vaughan (Elias Koteas), fetichista esquizofrénico, encena outras vidas, sai fora do corpo e outra-se, compõe em palco a única personagem que a morte reclama. Presente feito de imagens que correm, fotogramas assombrados por homens-máquina e máquinas que aspiram a ser homens, duplos que se perdem nos seus prolongamentos, cópias que esqueceram a essência original, é isto este filme, retrato de um novo desejo crescendo a partir do corpo estéril da máquina.


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