Tudo o que vale a pena não está aqui.



Achados e Perdidos #18


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O país que nos calhou em sorte

A ópera bufa work in progress estreada ainda no tempo do Guterres continua em cena, acrescentado que foi hoje mais um acto. Recessão, nós?! A culpa foi de quem deixou a porta aberta, como se o problema do país fosse uma constipação passageira. O que realmente me enche as medidas é o modo plácido, sereno como um rio no verão (por outros palavras, seco), de apresentar estas notícias a quem está do outro lado do ecrã. Ora bem, não chegamos aos 2,5% de crescimento, nem sequer aos 1,8, ainda menos aos 0,8, ficamo-nos por uns alegres 0,5 %. E é assim, mas o governo (porque estas coisas nunca deixam de ter o ar de favorzinho partidário) está a fazer o possível para controlar o défice, reduzir a despesa pública e relançar a economia, número por si só já arriscado, conseguindo ainda com a outra mão manter contentes sindicatos e trabalhadores, satisfeitos num delírio de país sul-americano. Dias depois do presidente vir a público reclamar do discurso negativo do país. Daqui a uma, duas semanas, aposto que alguém vai dizer, "atenção, isto está mal mas havemos de conseguir dar a volta por cima, é preciso dinamizar os agentes económicos", esquecendo-se de referir de passagem que esta coisa de dinamizar os agentes económicos não é mais que um apelo ao consumo dos privados e do estado por arrasto, porque disso é que verdadeiramente o país depende. O que ainda vai provocar mais endividamento público e privado, até que tudo acabe por estourar, a não ser que. O problema será a pouca competência que Portugal mostra para se adaptar às regras desregradas do neo-liberalismo. Desaproveitámos os fundos que pingaram durante anos, não investimos nas áreas que devíamos e milhões de contos foram gastos em sectores de actividade que neste momento caminham para a estagnação, sufocados que estão pela concorrência dos outros países da União Europeia e pela política de protecção aos países grandes. As vistas curtas que os nossos políticos mostram deram nisto.

Nota: lamento estes devaneios portugas. A linha editorial será retomada dentro de momentos.


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