Tudo o que vale a pena não está aqui.



Moral (3)


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Os exemplos de ineficácia da estratégia seguida pelo Ocidente no combate ao terrorismo multiplicam-se. Depois de décadas de tolerância religiosa, os britânicos decidem, após o atentado, começar a expulsar os fanáticos que durante anos exploraram a complacência do estado inglês. Tarde demais. E completamente contraproducente. Parece evidente que esta geração de potenciais terroristas move-se em territórios que já pouco têm a ver com as mesquitas mais radicais do Londonistão. Os pretextos para o terrorismo nascem diariamente, desde há muito tempo, não precisam de ser codificados em discursos inflamados para a multidão de crentes. A clandestinidade do terrorismo é a prova deste facto. O púlpito é agora virtual, e a Internet é o instrumento que permite o secretismo das operações, numa primeira fase, e depois a visibilidade necessária ao acto terrorista propriamente dito. É, ao mesmo tempo, corrente de transmissão de ideias, tácticas, métodos de luta. Estamos longe do terrorismo de resistência de outros tempos, que vivia numa clandestinidade agreste, marcada pelas dificuldades reais de contacto entre operacionais e pelo constante vigiar de movimentos que era marca dos regimes opressivos combatidos por esse terrorismo. Tudo está próximo, portanto. A informação pode ser trocada sem risco de ser interceptada, consequência previsível da ausência de sistemas de vigilância da Internet apropriados. Chegamos assim a um ponto em que, a par com a globalização do capital, numa primeira fase, e a globalização da informação, depois, temos um novo fenómeno: a globalização do terrorismo. O terrorismo, surgido como movimento de reacção à hegemonia do liberalismo no mundo, prospera em locais esquecidos por esta globalização que promete riqueza e liberdade para todos. Mas não nos iludamos; nada existe de revolucionário no terrorismo global. A sua raiz, apesar de se alimentar do descontentamento dos excluídos desta globalização cultural, nasce do profundo conservadorismo de uns poucos, os que querem manter o poder a todo o custo. Confundir uns e outros é errado.


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