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Os U2 e Helena Matos


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Apesar de esta não estar a ser uma silly season igual às anteriores, com tantos incêndios, as férias do PM, as nomeações da Caixa, a OTA e afins, há alguns que insistem em trazer à baila questões que em ano normal fariam as delícias dos comentadores anémicos que teimam em não meter férias em Agosto. Pense-se, por exemplo, no caso da medalha atribuída pelo presidente a Bono e ao resto dos U2, por arrasto. E veja-se como isso foi assunto para um artigozeco de Helena Matos, com direito a réplica, hoje, de Maria João Seixas, no Público. Temos até a oportunidade de vislumbrar um pouco da juventude de Helena na crónica de Maria João, coisa não desprovida de interesse. É sempre um fartote ver revelado o passado esquerdalho dos neo-cons de trazer por casa que se abrigam na asa conciliadora do blogue de José Manuel Fernandes, como alguém chamou ao Público. Indigna-se então Helena com o delírio adolescente do nosso presidente ao condecorar a banda irlandesa, opinião partilhada por João Pereira Coutinho, que também decide meter a colher na discussão com uma tirada ao nível das melhores que se lhe conhecem, sugerindo maliciosamente que ao vocalista dos U2 faltará cabeça e sobrará oportunismo. Ora, esta acusação é grave; duvidar dos méritos altruístas de Bono cairá com certeza mal nos milhões de fãs espalhados pelo mundo inteiro. Divirto-me com estas conversas transversais que não passam de manobras de diversão visando encobrir as reais motivações dos cronistas. Quem é atacado é evidentemente Jorge Sampaio, não tenhamos dúvidas, e esta cruzada da direita chega a cansar de tão destituída de sentido. Será que eles sabem quantas medalhas são atribuídas por ano pelo presidente? E quantas são merecidas? E quem define os critérios? E a quem é que poderão interessar estas questões? No fundo, os U2 acabam por ser únicos a sair beliscados desta história, os antigos rebeldes católicos que agora são agraciados pelo mainstream que há vinte anos atrás se posicionava do outro lado da barricada. Qual é o mérito de receber das mãos do presidente de um país mais atrasado que a Irlanda um prémio pelos esforços efectuados na luta contra a pobreza no terceiro mundo?
Agora, que gostei de ver como há trinta anos atrás se empenhava na luta contra os perigosos burgueses reaccionários (Mário Soares e afins, não sei se estão a ver) a pacífica democrata Helena Matos, lá isso gostei. Um cheirinho de silly season já cá faltava, a zanga das comadres sempre trouxe alguma coisa positiva.


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