Tudo o que vale a pena não está aqui.



Corny


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Reparem como bravamente me furtei a um rescaldo do acontecimento de domingo passado e deixei o blogue repousar durante alguns dias, mantendo no ar um texto que não diz absolutamente nada, um autêntico vazio, carne para encher chouriço. Bem, e volto ao local do crime sem ter nada de muito importante para dizer, mas, falando de chouriço (lamento o mau-gosto do trocadilho), quero chamar a atenção para o destaque que tem sido dado no Esplanar ao tema do sexo na literatura, no seguimento de um post de Pedro Mexia no seu Estado Civil sobre o livro de José Rodrigues dos Santos, "Codex 632". João Pedro George deu-se ao trabalho de ler (ou reler) as obras de Henry Miller e Anais Nin e, pouco surpreendentemente, encontrou pontos de contacto entre a escrita do jornalista best-seller e o trabalho dos dois especialistas do género. Erótico. Seja o que isso for. Terá desculpa assim Rodrigues dos Santos para a sua inclinação edipiana, e no fundo eu há anos que desconfiava da tendência javarda da personagem, o modo como por vezes rematava reportagens de moda no final do noticiário indiciava que algo de perverso se escondia por detrás daquele olhar manso e simpático. Mas adiante. Regressando ao caso do crime de mau-gosto de Miller e Nin, é preciso não esquecer que teve o seu correspondente em cinema, em "Henry and June", soft-porno para mulheres intelectuais em plena fase de desabrochamento (a semelhança lexical é inocente), que tinha como cúmulo (para mim, pelo menos) aquela deliciosa cena passada num bordel feminino, quando Uma Thurman (June) e a nossa Maria de Medeiros (Anais) trocam amor e fluidos num dossel reflectido no espelho do quarto (cliché dos clichés). Confesso que as sequências em que aparecia o bruto Fred Ward (Henry) em pleno acto de furioso empalamento da frágil Anais não faziam o meu estilo; quem não prefere o "suave fru-fru" da seda dos vestidos das mulheres à exibicionista virilidade de Henry Miller? Desinteressei-me dos livros depois de ter visto o filme, e o pouco que espreitei ("Opus Pistorum") não me cativou de modo algum. Continuo a preferir os clássicos anónimos do século XIX, e que bem faria a leitura destas obras a José Rodrigues dos Santos na preparação do próximo best-seller. Mas, ao falar de sexo foleiro vamos esquecendo talvez o maior defeito de Codex 632: o puro oportunismo, o cavalgar da vaga iniciada com o "Código da Vinci", o efeito de cópia de uma cópia de uma cópia. A culpa será do pós-modernismo?

(Ainda sobre este assunto, o gerador automático de sexo foleiro criado por Vasco M. Barreto é de visita obrigatória.)


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