A loucura de que és capaz para
sair de casa, enfrentar a multidão
e perder o sentido dos passos,
reencontrar a vertigem sobre o mar.
No mármore da casa-de-banho
ficou a tua pele, a mudança,
o animal de que te livraste,
na espera do que te saltará ao caminho.
O teu fim, o seu pulso, a medida
que te impele a picar o ponto,
repugnante, a repetição
diária, a faca sobre o osso.
Sobre o mar, a história que ouves
- alguns discos - noite dentro
da manhã, e dela eclode, belo pássaro,
o movimento soçobrando, a queda.
Nenhuma sombra segue a voz,
a técnica - meia-volta - a derrota,
o autocarro que apanhamos para casa,
primeiro do dia, último da noite;
passa ao largo de uma luz. A tua sorte.
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