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Os sacanas


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Os sacanas escrevem e não sabem
que um tiro à queima-roupa é mais eficaz
que todos os versos da Terra Devastada,
quando se fala de ruína e morte -
e falam tanto da morte, conhecem-na
desde a infância, insistem -
quando o tiro que mata
é traiçoeiro e o sangue que fica
consegue ser sinal de nada,
uma poça que alguém há-de lavar,
à força de um jacto de água,
e a sombra do corpo se apaga,
adiada.

Em vez de aprender estes ofícios,
miseráveis,
era bom que esses sacanas se alistassem
e conhecessem a guerra, o suor
medido em combates reais, arma em punho
cada menos metafórica à medida que o tempo
avança.

E se aprenderem a guerra, estarão
preparados para as emboscadas e os tiros
falsos, as traições e os golpes
aparados,
poderão caminhar e saber,
saber e não julgar que um verso
é mais violento do que um jorro de sangue
contra o rosto.

Os sacanas que não conhecem
o ritual e se limitam
a rasurar a vida, apagar-lhe os defeitos
e as feridas, as feridas
como se não fossem prenúncio de cicatriz,
rocha sedimentar, montanha
sem memória da areia -

nem todo o sacrifício conta;
um sulco fundo na carne,
desde a morte, é a única
prova de vida.

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