Abrupto
Arquivado quinta-feira, dezembro 09, 2004 por Sérgio Lavos | E-mail this post
No pouco tempo que tenho de blogosfera, há um blogue que se destaca, por várias razões. A página de JPP é, para o bem e para o mal, um exemplo a seguir, pioneiro e divulgador desta nova linguagem, a mais volátil e menos sustentada de todas quantas até agora existiram. Porque consegue manter um ritmo regular de posts e porque tem todo o aspecto de diário, enriquecido neste caso pelas imagens, sempre adequadas, verdadeiras bolsas de ar no texto do blogue. Sem dúvida que este último facto é importante; a blogosfera é um espelho da sociedade em que vivemos, a velocidade e a mudança são marcas distintivas. O leitor de blogue é, na maior parte das vezes, um blogger, e por isso tem pouco tempo (dado que não existem bloggers profissionais) para perder com outros blogues. A intimidade ultrapassada das páginas de um diário foi substituída pela feroz exposição mediática, potencialmente maior que a proporcionada pela televisão, um media que, lentamente, vai perdendo a sua eficácia. Quando digo exposição mediática, não exagero. Os milhões de internautas habitam, sem dúvida, num recanto da mente de todos os bloggers, potenciais leitores desse diário pouco íntimo que é o blogue. Considero que um dos principais estímulos à criação de um blogue será essa necessidade de exposição, da mesma forma que a publicação de um livro se diferencia do acto de escrever para a gaveta. O blogue de JPP permitiu-lhe criar um espaço de crítica ao meio em que se movimenta, contornando os habituais modelos de divulgação que um opinion maker tem: os jornais e a televisão. Os textos que JPP escreveu para jornais sobre blogues, o que disse na televisão sobre o assunto, confirmam a imagem que um blogger tem (ou tinha) de si próprio: alguém que está na vanguarda, na crista de uma nova linguagem que permitirá uma melhor comunhão de ideias, uma mais completa discussão dos assuntos. Isto era válido há dois anos atrás. E agora? Conceito esgotado, ou apenas o começo de tudo? Nada de pânicos, apenas mais uma peça no edifício da Internet, a verdadeira revolução no pensamento humano, no acto de ser humano. E os bilhões que ainda não têm Internet?