Não, não fiquei surpreendido com a escolha de Ratzinger para Papa. Foi um bom filme de suspense, em jeito de reality-show eclesiástico, mas acabou por ter um final decepcionante. Como ateu, estou fora do jogo, mas acabo por me solidarizar com todos os católicos progressistas deste mundo (eh, eh) que viram eleger, com a ajuda do Espírito Santo, o mais conservador dos 115. Sequelas previstas: maior ostracização das minorias na Igreja, desde mulheres (sim, infelizmente eu sei que elas não são minoria) a homossexuais, o fim do diálogo ecuménico (mais uma consequência indirecta do 11 de Setembro, a eleição de Ratzinger?), uma pausa na discussão de assuntos tão importantes como a ordenação de mulheres, o celibato dos padres e a moral individual (métodos contraceptivos, aborto e eutanásia). A sociedade dá um passo em frente e o Vaticano meia-volta atrás. Insisto, o mundo anda perigoso, está a acontecer um retrocesso óbvio nas mentalidades dos líderes políticos e religiosos, e espero que isto seja apenas um passo curto da História. Enquanto isto, meus amigos católicos, aguentem-se!