Tudo o que vale a pena não está aqui.



Calderón de la Barca (2)


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A determinada altura de "Paris Nunca Acaba", Enrique Vila-Matas refere uma história contada por Jorge Luis Borges, em que este fala de uma conversa que manteve com o pai. Ele acredita que, de cada vez que recorda algo, não tem como referente a realidade em si, o acontecimento vivido, mas sim a última vez que recordou esse acontecimento. Tudo é recordação de uma recordação. Agora, dou por mim a pensar em algo que pouco tem a ver com ficção, e isto é apenas uma maneira de duvidar da credibilidade da história contada por Borges e recontada por Vila-Matas; o que me acontece por vezes é recordar sonhos. Lembro-me de coisas que há muito esquecera depois de sonhar com elas. De outro modo, vivo em sonho acontecimentos que são passado, recordações que eu julgara já perdidas (ou não julgara, se não estão lá, não tenho consciência delas). Quando recordo depois esses acontecimentos, recordo-os enquanto sonho ou enquanto realidade? O que será mais terrível, recordar uma recordação ou recordar um simples sonho, ou um sonho de um sonho?


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