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Filosofia


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Ontem, passou na 2 um documentário de Alain de Botton, imagino eu que adaptando o seu livro homónimo, "Status: Ansiedade", e, surpresa, está muito bem feito. Tinha achado os livros dele filosofia light, flirts perigosos com a auto-ajuda, mas o conceito até resulta bem em formato televisivo, obrigatoriamente mais imediato e limpo de impurezas reflexivas. Eu explico. O que de Botton faz é tornar uma série de conceitos filosóficos acessíveis ao leigo no assunto, o que faz dele um divulgador de filosofia bem ao estilo anglo-saxónico. Uma tradição que se opõe ao pudor dos filósofos franceses em comungar com o povão as suas ideias transcendentes - não levar este termo à letra, a carga semântica que lhe quero atribuir nada tem a ver com o conceito original utilizado pela Filosofia -, e que descende de Bertrand Russell ou Wittgenstein, desembocando em divulgadores como Simon Blackburn ou Anthony Weston (ambos publicados em Portugal pela Gradiva). O estilo é desempoeirado, a argumentação infalível e o humor subtil e cativante. Outra surpresa é o tom de terrorismo de pantufas, um pouco como se Michael Moore tivesse decidido fazer um documentário travestido de velhinha inglesa amante do "five o'clock tea". O tema do primeiro episódio passa pela visita do francês Alexis de Tocqueville aos E.U.A. no século XIX e do livro que daí resultou, "Da Democracia na América", bíblia para uma certa Direita Liberal que rejubila com tudo o que vem do outro lado do Atlântico Norte. O que surpreende, para além da actualidade do texto de de Tocqueville, é a crítica implícita que de Botton faz ao "American Way of Life", entrevistando gente comum que representa as diversas manifestações do sonho americano. A entrevista que o professor inglês faz ao neo-conservador que defende um Estado completamente liberal, desdenhando a segurança social e sua asa protectora é exemplar neste sentido. E reveladora de uma certa mentalidade, também.
De louvar, estas ilhas no meio da mediocridade geral das televisões que temos. E falo da TVI, em especial, vómito mediático que ontem me obrigou a ver 45 minutos de publicidade de permeio ao excelente "Suspeitos do Costume". Eu sei que existe a opção do DVD, mas o dinheiro não nasce da terra, e não sei porquê continuo a preferir vasculhar a programação dos canais em busca de surpresas, reminiscência de um tempo em que tudo era menos acessível. E mais compensador no fim.


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