Como se do tempo se retirasse mais do que os gomos
que, espremidos, dão um resto colado à mesa -
menos que um amor antigo ou a cicatriz de uma guerra no terreno.
Escusado acusar com virulência e horror
a harmonia do espaço encaixando o seu corpo mole
no correr dos acontecimentos.
Não vale a pena a luta - os soldados na trincheira
sabem disso ao saltar dali para fora, oferecendo o peito
ao fogo fátuo da morte.
E nessa brincadeira, jogo de velhotes no jardim,
mascando a dentadura, cuspindo às raparigas que passam,
apenas se vão reconhecendo as regras básicas, lembrando
aquilo que se perdeu no tal rio do esquecimento,
ao saltar para a corrente que nos trouxe a este momento,
o rio forte a que com alguma sorte conseguimos resistir.
Aqui e agora eu sei o limite do que afirmo,
e é essa a sabedoria possível, sem ter lido tudo o que me precedeu,
sabendo que nunca vou ler nem quero.
O sabor da laranja cresce no céu da boca; depois explode.
Rapidamente se extinguirá sem eu dar por isso. Eu espero.
O destroço e o seu fim, a caminho do lixo.
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