Tudo o que vale a pena não está aqui.



Um sistema


E-mail this post



Remember me (?)



All personal information that you provide here will be governed by the Privacy Policy of Blogger.com. More...



Não quero contribuir para esse peditório;
voltar para dentro de casa, à primeira chuva,
e restituir à sala a solenidade devida.

Deixou de haver bola no café - o café terá fechado -
e o bairro é agora um lugar que deus deixou de procurar,
perdido na sua conjugalidade infiel, de homem a caminho da queda.

Conversas a meio gás, visitas de fim-de-semana
ao outlet e a regular falha dos deveres familiares,
almoço sim, almoço não, não e não.

De que me serve registar de forma preguiçosa
o lento esboroamento da vida, um ninho de térmitas
ameaçado por um fim mais esbatido do que merecia?

Tenho uma resposta guardada num caderno
de capa preta antigo, caderno repetido, capa preta
como num mau poema, e o cuspo mal colando as palavras.

Chovia no mau poema, e contra o frio da parede
tanto se combatia, tanto como contra o papel
e o indigno modo de arquivar esse combate.

E nesse mau poema a resposta para a retirada
a que fui obrigado, a uma realidade mais concreta
do que uma qualquer fonte de prazer.

Sei medir a distância a que deixei o passado;
um corredor de maratona limitar-se-ia a fazer
o mesmo que eu: nunca chegar à meta.

É este consolo bastante, para fechar a porta
e resguardar da minha piedade a vida feliz e quieta
da gente esquecida de Domingo.

O bairro respira e vive; e eu observo,
sem qualquer pergunta.

Etiquetas:


Rascunhos

Arquivos

Outros Lugares



eXTReMe Tracker