Quem sabe, de entre nós,
que passos fazem sucumbir
o mais errado, o derrotado
à partida, o sublimado pelo peso
da irrisão, o perfeito exemplo de
animal acossado, quem de entre nós
sente (na verdade) o centro
decisivo no qual o inútil
se senta, à sombra das justas
decisões que os outros vão tomando,
à margem de uma periferia ordenada
acabrunhada delineada por um demónio
menor, à sublime disposição da violência,
exercida no mesmo movimento tenso
de um arco de tinta na tela,
quem se propõe admitir
a possibilidade de hierarquia,
aceitar o aniquilamento,
destruição total, game over,
declínio do mundo ocidental,
queda e apaziguamento;
quem de entre nós aceita
o julgamento e se cala, para
que mais facilmente o possamos
amar, sem culpa nem esconjuros,
espelho claro de uma vida sem juros?
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