Foto da ReutersO problema (um dos) de George W. Bush é a sua capacidade (involuntária) de distanciar grupos. O que vemos agora (uma vez mais) são dois campos entrincheirados nas suas certezas e preconceitos. De um lado, os que se apressaram a mostrar uma ligação directa entre as decisões do presidente americano e o desastre humanitário que aconteceu; os pecados são muitos, desde a escassez de membros da Guarda Nacional em virtude da presença deste corpo no Iraque, até à recusa da assinatura do protocolo de Quioto. Esta última acusação, aliás, mostra uma mesquinhez que diminui moralmente o campo dos anti-bushistas: como se a catástrofe fosse um castigo da mãe-natureza. Por outro lado, os pró-bushistas fecham-se em copas e jogam à defesa, e neste caso a defesa é o melhor ataque, exemplificado na análise negativa de Pacheco Pereira à cobertura noticiosa dos
media portugueses, a que eu já aludi num
post anterior. Como sempre, nesta guerra acabam sempre por ser discutidos os aspectos que menos interessam à questão, pelo menos para quem está de fora. A avaliação das responsabilidades de Bush já está a começar a ser feita nos
media americanos, incluindo a CNN, que, de resto, facilmente poderá ser acusada de sectarismo por Pacheco Pereira, apesar do emendar de mão que ele concretizou
neste post. A atitude dos que cerram fileiras neste assunto acaba por ser provinciana. Como se fôssemos formigas discutindo a actuação de gigantes.