Tudo o que vale a pena não está aqui.



Diário antigo (3)


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Não, não é como se a forma da violência fosse geométrica, ou definida. Por mim, poderia ser variável, assumir a mutação como essência. O dia que rouba o dia traz o mesmo, sempre o mesmo; de todo o espaço, como uma onda transversal ao mundo, vem. Mas se torço as mãos para dentro, elas doem. Falam como se partissem, mexem-se demasiado instáveis, plataforma em movimento. Ser cego, surdo, mudo, o que dizem. Oferecer num espasmo a natureza do corpo, abri-lo ao golpe que rasa. Um exemplo, concreto, de um velho encontrado morto, entregue ao deslizar do tempo. Quem poderá conhecer o espaço côncavo que as suas mãos deixam no soalho? Construiu pouco, o pouco que o passado restitui. Impelido pelo sopro sanguíneo da deslocação da terra sobre as esferas, agora nada é. Quem poderá o quê, com qual desculpa?

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