Anda, a noite alonga a conversa e desfaz
o seu mosto na janela, apenas vestígios
de tarde se alimentam das palavras.
Caminha, e sedimenta teu cansaço
nos meus braços, deixa-o devagar
apagar o ruído dos carris cruzando
os prédios, deixa-o chamar o sono,
perfeito na sua concêntrica chama,
internado no mato como um soldado
esquecido da guerra, deixa-o repousar,
plenilúnio, no centro do inverno
de Inesfree, nas ruínas onde
a outra cidade que abandonámos
se entrega à investida do tempo
estacas em vez de mãos, aço
em vez de carne, fogo condensado
unindo os tecidos, uma radiação
candente, esmaecendo. Aproximas-te,
de onde vens? Reconheço um espectro,
e a cama adormece-nos. Aguardamos.
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