Tudo o que vale a pena não está aqui.



Receita


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A porção certa de terra e a correcta quantidade
de água, vertida para o vaso; a mancha de luz
julgo ser esta, a medida inteira de manhã que cabe neste quarto.

Assim regresso; tantas vezes,
em palavras, ameaças sem fundamento, jogos linguísticos para
entreter tolos, quem eu julgo que me acredita.
O poema aceita uma mentira, não lhe pedimos muito;
se digo: regresso ao faz-de-conta, ele aceita.
A água que a terra recebe é tão material quanto a imagem
que agora o verso derrama; é preciso: não há qualquer diferença
entre o passado que a poesia inventa e o presente no qual
misturo terra e água, fabrico bolos para servir ao lanche
a toda a gente. E toda a gente aceita que a lama
é feita de farinha e leite e água e açúcar; os grãos de terra
duram tanto na boca como o melaço que a criança imagina.

A forma de um poema é estável, substância do passado;
vale tanto um instantâneo fotográfico como a lama que comemos.
Como a lama que iremos comer.

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