Tudo o que vale a pena não está aqui.



Fraque e cartola


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Não vale a pena usar
fraque e cartola
quando se mergulha as mãos em sangue e pasto,
sacar da polidez e do claro orgulho,
usar palavras de cordeiro sabendo
que a pele de lobo segue na sacola,
mais vale usar a espada ou adaga,
verbo simples sem necessidades metafísicas,
descrições extensas e montanhas russas
de estilo e excelso labor,
e de um golpe só, seguro e lesto,
aplicar a lâmina na carne dessa gente
que se dedica a deglutir as grandes massas,
porcos criados no lamaçal capitalista,
animais destinados ao abate,
pela massiva vaga do povo.

Seria assim, seria,
mas a roda esmaga mais do que os grãos
e torna farinha a vontade - ou o desejo, o desejo,
um lume fundo a precisar de avivamento, ar e movimento.
A revolução! E tudo,
com ponto de exclamação,
passa pelo despojamento, mas falar disso é
pecado, crime, fingimento.
Declinar o cheiro do dinheiro,
passar por ele e bem,
não dar o cu quando os porcos se arrebitam.

Recusar cartola e fraque, honrarias,
declinar a pedinchice, aleivosias,
pelo menos pensar que pensar nisso
mudaria a ordem regular do universo,
como se importasse muito em que dia
se erguerá a liberdade.

O sonho do cínico derrotado.

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