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Director's Cut Vintage #4


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James Dean/Marlon Brando


Os filmes que Dean deixou, apenas três, sintoma de uma carreira abruptamente interrompida, serão apenas um pormenor na mitificação do herói americano, ou resistirá o actor à força do mito? Seguidor aplicado do método do Actor's Studio, Dean evidencia-se principalmente na obra de Elia Kazan, A Leste do Paraíso, onde compõe a personagem de Cal Trask, um filho que procura ganhar o amor do pai, interpretado por Raymond Massey. O confronto entre pai e filho fica também como testemunho do embate de gerações no cinema americano. Massey, apoiado numa técnica clássica irrepreensível, é o necessário contraponto ao desempenho de Dean, histriónico, sentido, agindo de acordo com desejos, recalcamentos, recolhendo da vida tudo o que necessita para a personagem. O actor clássico cria uma vida para além da vida real, os alunos do Actor's Studio trazem a vida real para o set de filmagem. Um anos antes deste filme, Kazan dirigira o outro nome grande do Actor's Studio, Marlon Brando, na obra-prima Há Lodo no Cais. O que aproxima Dean de Brando, e o que os separa? Ambos actores atormentados, filhos de infâncias difíceis, ambos exteriorizando um novo tipo de masculinidade, vulnerável e distante do clássico cowboy americano, personificado por actores como Cary Grant ou John Wayne. Mas Dean morreu com vinte e três anos; Brando resistiu aos seus demónios, construiu uma carreira relutante, para não dizer desinteressada, legando uma galeria de figuras tão marcantes como Kurtz de Apocalypse Now ou Vito Corleone de O Padrinho. Havia algo de artificial na pose de rebelde sem causa encenada por James Dean. Até que ponto podemos acreditar no sofrimento que transpira das personagens que compôs? Acredito mais na sua persona real, o actor hedonista que encontra nos carros, na velocidade, o modo de gastar o desejo de tudo sentir próprio da juventude. Brando seria alguém para além de tudo o que possuia, ausente do mundo que declarava alto uma genialidade que nunca procurou. Tentou ser apenas um homem, representar era um emprego como outro qualquer, disse-o vezes sem conta. Se aceitarmos que o cinema é representação, espelho da realidade, podemos acreditar que James Dean foi o melhor da sua geração. Mas o cinema deverá ser mais que isso, pode criar a sua própria realidade. Em Apocalypse Now, a sequência onde aparece Kurtz é um filme dentro do filme. Se nada mais houvesse que provasse a genialidade de Brando, isto bastava.


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