Tudo o que vale a pena não está aqui.



Verso no bolso


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O meu medo não é portátil;

Não o é também o meu instrumento de escrita.
Escrevo à noite e escrevo quando estou sozinho,
E mesmo quando levo blocos vazios para a
Rua não consigo habituar-me à desolação
Do mundo.

Será assim tão fácil escrever o ódio?
Lamentar a tristeza que por vezes
Se cola às roupas de quem se passeia
De mãos dadas com crianças – e é tão
Difícil detectar os breves lampejos
Que invadem o espaço asséptico
Da tranquilidade doméstica diária. Lamentar
Ou morrer; o escritor escarnece
De quem traz preso por fios finos
A vida – é um privilegiado sacana,
Que prevê de bom grado o fim do
Proletário apenas para que possa
Chafurdar no material fresco que o proletário
Deixa.

O medo não tem por hábito ser
Portátil, raramente surge
Quando a certeza do amor é plena.

Fecha-se em casa, e podemos sem pudor
Atirar-lhe ao fim do dia os restos das nossas presas.
Pessoas que julgamos estar mais perto do abismo,
A quem não invejamos absolutamente nada.

Espaço amplo e inalcançável, aquele
Onde a inveja em vão
tenta despontar.

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