Tudo o que vale a pena não está aqui.



Valsa nº 2


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Baixei o olhar sobre o mundo.
Um ângulo errado, a lente incorrecta, tudo bate certo.
De outro modo, as aproximações são variadas. O mundo
continua sintonizado e corre sem sobressaltos,
este e aquele homem trocam palavras, aborrecem-se,
vão de encontro aos fios eléctricos, estabelecem
fronteiras para novos territórios.

Imaginei que o mundo me observava de volta,
a criatura que vigia o criador, seria isso?
Se contasse, numa roda de amigos, as coisas que conheço,
todos acreditariam. Acreditariam em mim,
se eu falasse, mas muitas vezes os encontro e me calo,
planeio um tempo pleno de lisura, uma flecha disparada
contra um horizonte soturnamente familiar, caloroso.

Mudei de lugar e a estática de fundo permaneceu,
por trás do enigma que o mundo escolheu para decifrar;
seriam dois passos para o abismo.
Talvez por isso tenha recuado; levei para casa a câmara,
era esse o acordo inicial. Atravessei mais deserto que montanha
e cheguei quando o horizonte se afastava. Não escolhemos
o olhar que nos observa; o mundo que se cale, se quiser.

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